As teorias científicas mais aceitas afirmam que nossa consciência é criada pelos processos neurológicos no cérebro. Se essa perspectiva for verdadeira, a vida após a morte seria impossível, já que nossa consciência deixaria de existir com a morte do cérebro. Como conciliar isso com os ensinamentos cristãos sobre a vida após a morte?

Atualmente, as teorias predominantes nos círculos científicos e acadêmicos afirmam que nossa consciência - incluindo senso de identidade, memórias, pensamentos e emoções - é produzida pelas atividades elétricas e químicas no cérebro. Essa perspectiva é conhecida como "fisicalismo". Segundo as teorias fisicalistas mais populares, a consciência emerge dos processos físicos do cérebro (emergentismo), ou a consciência nada mais é que os processos cerebrais "vistos de outra perspectiva" (fisicalismo redutivo). Se o fisicalismo estiver correto, quando o corpo morre e o cérebro para de funcionar, todos os aspectos da consciência desaparecem permanentemente. Nesse cenário, os ensinamentos cristãos sobre a vida após a morte seriam falsos.

Alguns dos argumentos propostos pelos fisicalistas como evidência de que a consciência é produzida pelo cérebro são:

  1. Tecnologias de neuroimagem e EEG demonstram que existem padrões de ativação cerebral que são associados a diferentes tarefas como falar, pensar, evocar diferentes emoções e realizar movimentos físicos.
  2. Lesões cerebrais podem resultar em deficiências, como perda de memória, dificuldades linguísticas, paralisia e até mesmo mudanças de personalidade, de acordo com as áreas cerebrais afetadas. 
  3. O uso de substâncias psicoativas altera nossa consciência e comportamento.

Sem dúvida, existe uma correlação robusta entre a consciência e o cérebro, e até mesmo entre determinados aspectos da consciência e padrões de ativação cerebral. Contudo, um princípio fundamental na ciência é que correlação não implica necessariamente em causalidade. Isso quer dizer que, mesmo que haja uma correlação entre consciência e cérebro, isso não comprova que a atividade cerebral seja a causa da consciência, tampouco que a atividade cerebral e a consciência sejam o mesmo fenômeno visto sob ângulos diferentes.

Mudando de perspectiva, vamos explorar o dualismo. Esta teoria considera a consciência uma entidade não física, distinta do cérebro, mas que interage com ele e se manifesta através das funções cerebrais enquanto vivemos. Propõe também que a consciência é capaz de existir independentemente do cérebro após a morte. Existem diferentes versões do dualismo, porém usarei o termo "dualismo" de maneira ampla para me referir à ideia de uma consciência autônoma. Essa consciência, embora interaja com o cérebro e dependa dele para se manifestar durante a vida, não é originada por ele e nem se extingue com a morte do corpo.

Uma maneira simplificada, mas não exata, de imaginar a relação entre consciência e cérebro no dualismo é pensar na consciência como uma música e o cérebro como um rádio. O aparelho de rádio não fabrica a música, apenas recebe as ondas de rádio e as converte em som. Caso o rádio seja danificado, a qualidade do som pode ser comprometida. Se parar de funcionar, o som cessa. Contudo, as ondas de rádio persistem no ar, a música continua existindo. De forma similar, o cérebro não produz consciência, ele é somente o meio pelo qual a consciência se expressa durante a vida corpórea. Em outras palavras, o cérebro serve como uma interface entre o corpo (cinco sentidos, funções motoras, etc) e a consciência, possibilitando sua interação por meio de sinais elétricos e químicos. A principal limitação desta analogia é que o rádio apenas recebe sinal (comunicação unidirecional), enquanto a consciência e o cérebro interagem de forma bidirecional.

Outra analogia representa a consciência como um motorista e o corpo (incluindo o cérebro) como um carro. Nesta comparação, o carro serve como o veículo que o motorista usa para navegar e interagir com o ambiente externo. Se algo falha no carro, a capacidade de locomoção do motorista é comprometida. Porém, ao sair do carro, o motorista pode se mover de outras maneiras. Analogamente, se algo altera ou danifica o cérebro, a expressão da consciência durante a vida corpórea é afetada. No entanto, a consciência pode continuar se expressando de outras maneiras após a morte. A principal limitação desta analogia é que o motorista é uma entidade física, enquanto na visão dualista, a consciência não é.

Exploramos duas teorias contrastantes: o fisicalismo, que alega que a consciência surge exclusivamente do funcionamento cerebral e não pode existir sem ele; e o dualismo, que considera a consciência uma entidade não-física, capaz de persistir após a morte, ainda que se manifeste por meio do cérebro durante a vida física. O ponto central desse debate é que ambas as teorias explicam as correlações observáveis entre a consciência e as funções cerebrais, como o acionamento de áreas específicas do cérebro em diferentes tarefas e a influência de lesões ou substâncias psicoativas na consciência. Dentro do dualismo presumimos que a consciência, embora seja uma entidade distinta, interage com o cérebro e depende dele para se expressar na existência física. Isso explica por que alterações cerebrais resultam em mudanças na experiência consciente. Ainda que a neurologia tenha evoluído muito nas últimas décadas, os neurocientistas não dispõem de métodos experimentais capazes de determinar qual das teorias sobre a consciência é correta. Eles tendem a presumir que a explicação fisicalista é a verdadeira, uma vez que essa se alinha com suas premissas naturalistas, que raramente são questionadas.

Quando um dualista afirma que ambas as teorias possuem um poder explicativo similar para as correlações e interações entre a consciência e o cérebro, alguns fisicalistas recorrem à Navalha de Occam ou o Princípio da Parcimônia. Em linhas gerais, estes princípios afirmam que, diante de duas teorias válidas explicando o mesmo fenômeno, a mais simples - aquela com menos suposições não comprovadas - deve ser a selecionada. Os fisicalistas defendem que sua teoria possui menos suposições não comprovadas que o dualismo e, portanto, possui maior probabilidade de ser correta. Porém, penso que a preferência pela teoria fisicalista com base na simplicidade é discutível, pelos seguintes motivos:

  1. Ambas as teorias têm suposições não comprovadas importantes (discutidas a seguir), portanto a afirmação de que a teoria fisicalista é mais simples é discutível.
  2. Apesar da Navalha de Occam sugerir que a explicação mais simples entre duas teorias é a mais provável, a história traz exemplos contrários. A Mecânica Quântica e a Relatividade de Einstein - teorias mais complexas e abrangentes - prevaleceram sobre os modelos mais simples e intuitivos da física Newtoniana. Da mesma forma, na física atômica, substituímos a ideia simplista do átomo como a menor partícula indivisível, pela teoria mais complexa que inclui prótons, nêutrons e elétrons, que possui maior capacidade explicativa. Embora a simplicidade seja importante, às vezes, teorias mais complexas ou com mais entidades ou suposições ganham predominância devido à sua capacidade explicativa superior ou habilidade para resolver lacunas no paradigma vigente. Pessoalmente, acredito que o poder explicativo do dualismo é superior ao do fisicalismo, pois além de explicar as correlações entre a consciência e o cérebro, também explica aspectos da consciência que o fisicalismo não consegue, como qualia, autoconsciência, livre arbítrio, e fenômenos como experiências de quase morte.

CRÍTICAS AO FISICALISMO

Perspectiva da Neurociência

Neste texto, o termo "consciência" refere-se à totalidade da nossa experiência subjetiva, incluindo:

  • Emoções: emoções básicas como alegria, tristeza, medo, surpresa e raiva; emoções complexas como amor, culpa, gratidão e vergonha; empatia.
  • Componentes cognitivos: memória, atenção, percepção, imaginação e intencionalidade.
  • Autoconsciência: senso de identidade, reflexão sobre as próprias experiências e emoções, senso de moralidade, busca por propósito e sentido da vida.
  • Qualia: aspecto subjetivo (visceral) das experiências sensoriais, como o sabor do chocolate, a sensação de um abraço, a experiência de assistir a um pôr do sol, a dor física, a sensação de calor ou frio, o cheiro de café fresco pela manhã e o prazer de ouvir sua música favorita.

A definição acima nos oferece um vislumbre da riqueza e complexidade da consciência humana. Tente absorver bem essa definição pois irei me referir a ela diversas vezes daqui em diante.

A neurociência fez grandes avanços no mapeamento das correlações entre padrões de ativação cerebral específicos e funções como visão, memória, emoção, imaginação e atividades motoras. No entanto, a natureza dos processos mentais ainda é um mistério para a ciência. Ou seja, o fisicalismo não consegue explicar o mecanismo exato pelo qual o cérebro gera a consciência. Isto é, não esclarece como as atividades elétricas e químicas do cérebro armazenam memórias, produzem nosso senso de identidade, pensamentos, emoções e todos os demais aspectos da consciência listados acima. Como entidades puramente físicas (neurônios, neurotransmissores, sinapses) originam algo que parece ser completamente distinto (a consciência)?

O renomado neurocientista e filósofo britânico Raymond Tallis escreveu em seu livro Aping Mankind:

[A] neurociência não aborda, e muito menos responde, a questão fundamental das relações entre matéria e mente, corpo e mente, ou cérebro e mente. Se aparenta fazer isso, na verdade é o resultado de uma confusão, uma mistura, de três tipos distintos de relações: correlação, causalidade e identidade." Além disso, ele pontua: "Atualmente, não há nada na matéria, conforme entendida pelas ciências naturais - nem mesmo nas interpretações mais ousadas da mecânica quântica - que nos levaria a esperar que a matéria assumisse formas nas quais se tornaria consciente, autoconsciente e apta a compreender…

Tallis, embora ateu, se opõe fortemente à teoria que trata a consciência como um mero subproduto do cérebro. Todo o capítulo três do livro citado acima é dedicado a refutar os principais argumentos dos fisicalistas.

Christof Koch, um dos pesquisadores mais respeitados na área da neurociência, especialmente na pesquisa dos correlatos neurais da consciência, escreveu em seu livro The Quest For Consciousness:

Características dos estados cerebrais e dos estados fenomenais [experiências ou sensações vivenciadas] parecem muito diferentes para serem completamente redutíveis uma à outra. Suspeito que a relação seja mais complexa do que tradicionalmente se imagina. Por enquanto, é melhor manter a mente aberta sobre essa questão …

Apesar das correlações entre alguns estados mentais e padrões de ativação cerebral, quando observamos objetivamente os estados cerebrais, eles não exibem nenhuma das características dos estados mentais. Da mesma forma, ao observar subjetivamente os estados mentais, eles não demonstram nenhuma das características da atividade cerebral.

A analogia de Inteligência Artificial

Alguns adeptos do fisicalismo apresentam a "Teoria Computacional da Mente" como um modelo para entender os processos cognitivos, traçando um paralelo entre as funções do cérebro e as operações de sistemas computacionais. Essa comparação sugere que, assim como um computador (entidade física) pode gerar inteligência artificial (IA), o cérebro (também uma entidade física) poderia ser a origem da consciência. Essa analogia pode parecer convincente à primeira vista, mas possui limitações significativas, que exploraremos a seguir.

Primeiramente, é preciso entender que as capacidades de uma IA diferem drasticamente da consciência humana. Voltando à definição de "consciência" especificada acima, fica claro que uma IA não pode vivenciar componentes cruciais como autoconsciência, emoções e formação de intenções autônomas. Ainda que seja equipada com sensores correspondentes aos nossos cinco sentidos, uma IA é incapaz de experimentar qualia em qualquer formato. Essas são propriedades únicas da consciência.

O ChatGPT, por exemplo, é uma IA que simula conversa humana, treinada em extensos volumes de textos escritos por humanos. Se você perguntar "Qual é a cor do céu?", a IA utiliza análise probabilística para encontrar as palavras que têm a maior probabilidade de constituírem a resposta certa. Talvez responda "O céu é azul durante um dia ensolarado", escrevendo cada palavra sucessivamente com base nas chances mais altas. Por exemplo, depois de prever a palavra "O", ela pode estimar que "céu" é a palavra seguinte mais provável. Essa cadeia de previsões continua até formar a resposta completa. Porém, a IA não consegue formar uma imagem mental do céu ou experimentar as sensações de vastidão e expansão que comumente sentimos ao olhar para ele. As respostas são geradas por cálculos, não por consciência. 

Da mesma forma, uma IA pode simular características humanas como desejos e emoções, com base em cálculos de probabilidade. As vastas quantidades de texto utilizadas para treinar IAs como o ChatGPT incluem livros e papers sobre psicologia, obras literárias que contém diálogos entre personagens e outros textos que descrevem interações e emoções humanas. A partir desses dados, a IA calcula a chance de um humano responder a um estímulo específico com uma certa emoção e como esse humano provavelmente expressaria essa emoção diante do estímulo. Novamente, estamos falando apenas de cálculos probabilísticos, não há qualquer tipo de consciência ou emoção genuína. Este vasto abismo entre o funcionamento de uma IA e a consciência humana destaca as falhas na analogia inicialmente apresentada. 

Segundo, o software necessário para uma IA funcionar é criado por humanos; ele não é autogerado pelo hardware, é projetado por seres conscientes e instalado no hardware. Em contraste, os fisicalistas defendem que a consciência é autogerada pelos processos cerebrais. São cenários completamente diferentes.

O capítulo cinco do livro Aping Mankind, de Raymond Tallis, discute e refuta de maneira aprofundada a Teoria Computacional da Mente.

Livre-arbítrio e responsabilidade moral

Convido você a refletir criticamente sobre o fisicalismo redutivo, que procura explicar a totalidade de nossa consciência como fruto de reações bioquímicas e disparos elétricos no cérebro. 

Primeiro, o amor que sentimos por nossos entes queridos, a dor dilacerante da perda de uma pessoa amada, a alegria das conquistas, a profundidade dos nossos pensamentos e reflexões, o vazio existencial e a incessante busca por significado na vida, seria tudo isso redutível a processos eletroquímicos no cérebro?

Segundo, o fisicalismo redutivo é atrelado ao conceito de determinismo: a noção de que cada evento, incluindo o comportamento humano, é o resultado inevitável de causas e condições anteriores. De acordo com esta visão, todos os aspectos de nossa consciência e nossas ações são comandados de forma determinística pelas leis da física, influenciados por fatores que estão fora do nosso controle, como nosso DNA e o ambiente externo. Ou seja, os humanos seriam comparáveis a robôs programados biologicamente, a única diferença entre uma IA ou um robô e um humano estaria na complexidade do "software" humano. 

Se aceitarmos que nossos cérebros são apenas conjuntos de células funcionando sob essas leis de causa e efeito, então nossa consciência, supostamente surgida desses processos cerebrais, não poderia manifestar livre-arbítrio genuíno. A ideia de que temos a capacidade de fazer escolhas livres e independentes – chamada na filosofia de "liberdade libertária" – perde o seu fundamento. Da mesma forma, não haveria uma base para responsabilidade moral real, pois se nossas ações são consequências inevitáveis de causas e condições fora do nosso controle, como poderíamos ser responsabilizados por elas? 

Basta um olhar honesto para nossa experiência interna de autonomia e para o peso da responsabilidade moral que carregamos, para perceber que o cenário proposto pelo fisicalismo simplesmente não se encaixa. Nosso senso de que somos capazes de influenciar o curso de nossas vidas, e de que somos moralmente responsáveis por nossas ações - e não meros espectadores passivos - sugere que somos mais do que um amontoado de processos cerebrais deterministas. Para considerarmos o modelo do fisicalismo redutivo como válido, teríamos de aceitar que estamos completamente deludidos em relação à nossa própria natureza.

O dualismo oferece uma alternativa, postulando que além do nosso corpo físico, possuímos uma consciência ou alma não-física. Essa entidade imaterial seria o pilar da nossa identidade subjetiva e consciente, capaz de exercer livre-arbítrio e detentora de responsabilidade moral – atributos que o fisicalismo redutivo não consegue integrar satisfatoriamente em seu modelo. Ao observar a riqueza da experiência humana, parece cada vez mais improvável que estejamos olhando para um fenômeno puramente físico. Pense nisso.

Anomalias no Fisicalismo: Experiências de Quase Morte Verificáveis

O fisicalismo afirma que a consciência é gerada pelo cérebro. Desse modo, seria impossível estar consciente sem atividade cerebral. Por outro lado, na perspectiva dualista, a consciência é uma entidade autônoma que necessita do cérebro para se manifestar durante a vida física, porém persiste após a morte do corpo. Um fenômeno conhecido como "Experiência de Quase Morte" (EQM) sugere que a consciência pode operar independentemente do cérebro em cenários de morte clínica. 

Em algumas EQMs, as pessoas relatam a experiência de estar conscientes e fora de seus corpos, enquanto estavam clinicamente mortas. Existem casos em que pacientes, após reanimados, relatam ter observado e escutado eventos que aconteceram durante o período em que não tinham batimentos cardíacos nem atividade cerebral. Notavelmente, os detalhes que esses pacientes relatam são confirmados como precisos pela equipe médica. Daqui em diante, vou me referir a esses casos como "EQMs verificáveis". A seguir, vou apresentar alguns exemplos:

Pam Reynolds

Pam Reynolds, uma mãe de 35 anos, passou por uma cirurgia complexa para reparar um grande aneurisma em uma artéria cerebral. Como reportado pelo cardiologista Michael Sabom e pelo neurocirurgião Robert Spetzler, em preparação para a cirurgia, a temperatura corporal dela foi baixada para entre 15° e 17°C, o coração e a respiração foram parados, e o sangue foi drenado de sua cabeça. Seu cérebro havia parado de funcionar por todos os três testes clínicos – seu EEG estava silencioso durante todo o procedimento, não havia resposta do tronco cerebral, e não havia fluxo sanguíneo no cérebro. Como parte do procedimento utilizado para monitorar a ausência de atividade cerebral via EEG, ela usava fones de ouvido intra-auriculares que emitiam ruídos altos e constantes. Os fones foram moldados para preencher completamente seus canais auditivos e, em seguida, cobertos com gaze para mantê-los no lugar. Além disso, seus olhos foram mantidos fechados com fita adesiva e ela foi submetida à anestesia profunda.

Durante o procedimento, Reynolds teve uma EQM vívida. Ela relatou ser atraída para uma luz e ter uma conversa com um tio que já havia falecido. Em seguida, ainda durante o procedimento, ela "retornou" à sala de operação, onde observou parte da cirurgia. Após ser reanimada, ela relatou aos médicos o que viu - descrevendo detalhes como as peculiaridades dos instrumentos que eles usaram para a cirurgia (que estavam cobertos quando ela entrou na sala) e como ela recebeu dois choques elétricos no processo de ressuscitação de seu coração. Ela também se lembra nitidamente de uma voz feminina dizendo: “Temos um problema. Suas artérias são muito pequenas.” E então uma voz masculina: “Tente do outro lado.” Ela também relatou ouvir a música Hotel California, dos Eagles. Os médicos Sabom e Spetzler (diretor do Barrow Neurological Institute) confirmaram a precisão do que ela observou e ouviu na sala de operação.

Um dos argumentos utilizados por céticos para tentar explicar as EQMs de uma perspectiva fisicalista é a "consciência durante a anestesia" (CDA), um fenômeno raro onde o paciente se torna consciente e consegue lembrar de coisas que aconteceram durante uma anestesia geral. O caso de Pam Reynolds é particularmente desafiador para os fisicalistas porque não é possível estar consciente enquanto o coração está em fibrilação ventricular, ou quando a temperatura corporal é inferior a 27°C, ou sem a presença de sangue no cérebro. Além disso, a consciência durante a anestesia não é possível sem atividade cerebral, e de acordo com o monitoramento do EEG, não houve atividade cerebral detectável durante toda a cirurgia. Mesmo que ignorássemos tudo isso e supuséssemos que ela estava (inexplicavelmente) consciente durante a operação, como ela veria os detalhes dos instrumentos médicos com os olhos fechados com fita adesiva? Como ouviria a conversa dos médicos e a música com fones de ouvido intra-auriculares moldados especificamente para os seus canais auditivos, emitindo ruído constante?

Há muitos outros relatos como este, em que pacientes, após serem reanimados, detalham com exatidão procedimentos médicos e outros eventos que ocorreram enquanto estavam clinicamente mortos.

Ricardo

O Dr. John Lerma relatou um caso que ocorreu durante seu período de internato em um hospital em San Antonio, Texas, EUA. Ricardo, um homem de 82 anos, foi levado ao hospital após uma parada cardíaca. Depois do primeiro choque elétrico, o ritmo cardíaco do paciente normalizou, ele acordou lentamente e murmurou algo sobre uma EQM. Após essa breve conversa, o paciente teve outra parada cardíaca. A equipe médica o ressuscitou novamente e ele respondeu bem ao tratamento.

No dia seguinte, Ricardo pediu ao Dr. Lerma para ajudá-lo a provar que sua experiência foi real. O paciente disse:

"Quando eu estava fora do meu corpo e flutuando acima da sala de emergência, avistei uma moeda de 1985 no canto direito do monitor cardíaco (que tem 2,5 metros de altura). Estava entre a poeira, como se alguém a tivesse colocado lá com esse propósito. Dr. Lerma, poderia verificar para mim? Isso significaria muito para mim."

O Dr. Lerma pegou uma escada e subiu para verificar, na presença de enfermeiras, depois escreveu: "Para nosso total espanto, lá estava ela [a moeda], exatamente como ele a tinha visto, e até o ano estava certo: 1985."

O médico argumentou que pareciam existir apenas duas possíveis explicações para a descrição correta da moeda: Ricardo havia colocado a moeda lá, ou ele realmente conseguiu ver a moeda enquanto fora de seu corpo. Ele mencionou que Ricardo, do ponto de vista médico, não estava em condições de subir uma escada há anos. Lerma também não conseguiu estabelecer uma ligação com ninguém que trabalhasse na sala de emergência.

Há um caso similar, relatado por Norma Bowe, PhD, professora universitária e enfermeira. Uma paciente, que sofria de TOC e tinha obsessão por memorizar números, teve uma EQM. Enquanto fora do corpo, ela memorizou um número de série de 12 dígitos que estava em cima de um respirador de 1,8 metro de altura. O técnico de manutenção subiu uma escada, leu o número e este correspondeu exatamente ao número que a paciente deu a Norma.

Eddie Cuomo

O médico K. M. Dale relatou o caso de um garoto americano de 9 anos chamado Eddie Cuomo. Ele sofreu de febre alta por 26 horas. Assim que abriu os olhos, às 3:00 da manhã, Eddie contou urgentemente a seus pais que havia ido ao céu, onde viu seu falecido avô Cuomo, a tia Rosa e o tio Lorenzo. Seu pai sentiu-se constrangido por Dr. Dale estar ouvindo a história de Eddie e tentou descartá-la como um delírio febril. Então Eddie acrescentou que também viu sua irmã Teresa, de 19 anos, que lhe disse que ele precisava voltar. Seu pai então ficou agitado, pois havia falado com Teresa, que estava cursando a universidade em Vermont, há apenas duas noites atrás. Mais tarde, naquela manhã, quando os pais de Eddie ligaram para a faculdade, descobriram que Teresa havia morrido em um acidente de carro logo após a meia-noite. Os funcionários da faculdade haviam tentado entrar em contato com os pais em sua casa para informá-los da trágica notícia, mas não conseguiram, pois eles passaram a noite no hospital com seu filho. Eddie não tinha como saber que sua irmã havia morrido. 

Existem vários outros casos semelhantes, onde os pacientes encontram pessoas que não sabiam que estavam mortas durante suas EQMs, incluindo pessoas que eles nem mesmo sabiam que existiam, como irmãos que foram abortados e nunca mencionados a eles.

A Dra. Janice Holden, pesquisadora no campo das EQMs, conduziu um estudo com 93 pacientes que relataram ter feito observações verificáveis durante o período em que estavam fora de seus corpos. Segundo ela, 92% dessas observações mostraram-se "totalmente precisas". Uma pequena parcela, 6%, apresentava "alguns erros". Somente 2% das observações foram classificadas como "totalmente incorretas".

Se você estiver interessado em pesquisar mais sobre EQMs, incluindo os casos mencionados acima, sugiro os livros seguintes. Eles chamaram minha atenção por classificar os casos conforme o grau de evidência verificável e por debaterem as interpretações alternativas propostas pelos fisicalistas.

  • Capítulo 14 de The Blackwell Companion to Substance Dualism, editado por Loose, Menuge e Moreland, 2018. 
  • The Self Does Not Die: Verified Paranormal Phenomena from Near-Death Experiences, por Rivas, Dirven e Smit, 2016.
  • Depois da Vida, por Dr. Bruce Greyson, 2023.

Se você for um cético, como já fui um dia, provavelmente presume que esses casos possuem explicações alternativas que se alinham com o fisicalismo - ou foram totalmente inventados. Talvez isso seja verdade para alguns casos. Pode ser que algumas pessoas confundam sonhos ou alucinações com EQMs ou até mesmo inventem relatos de EQMs para atrair atenção ou vender livros. No entanto, há muitos casos em que os pacientes fizeram observações verificáveis (ou seja, não foram sonhos ou alucinações) e que foram relatados por médicos - profissionais cuja alta remuneração torna menos provável a invenção de EQMs fantasiosas por motivos financeiros, e que arriscam serem ridicularizados por seus colegas e até mesmo perderem a credibilidade profissional ao compartilharem esses casos. Em outras palavras, eles têm mais a perder do que a ganhar ao relatar esse tipo de caso.

Ainda mais importante é que, dentro dos muitos casos verificáveis de EQMs, basta que um único caso seja incontestavelmente autêntico para comprovar que a consciência pode existir independente do cérebro após a morte. Os cientistas, obviamente, não desistiriam do fisicalismo baseando-se em um só caso. Porém, de um ponto de vista puramente lógico, se após investigação rigorosa uma única pessoa demonstra ter consciência - vendo e ouvindo coisas - enquanto em morte clínica (sem atividade cerebral, sem batimentos cardíacos), e isso for atestado sem margem para dúvida, torna-se evidente que o fisicalismo é inadequado para explicar a natureza da consciência. Portanto, para refutar a hipótese de que as EQMs possam ser evidências a favor do dualismo, os céticos teriam que provar que todos os casos relatados de EQMs são falsos ou mal interpretados. Qual a probabilidade de dezenas de médicos que compartilharam centenas de casos de EQMs verificáveis terem inventado ou interpretado mal todos os casos? Outro aspecto que dá credibilidade aos relatos é que muitos destes médicos, antes fisicalistas convictos, mudaram de opinião após presenciarem EQMs verificáveis, passando a acreditar na possibilidade de vida após a morte.

CRÍTICAS AO DUALISMO

Uma das principais objeções que os fisicalistas fazem ao dualismo é que desconhecemos o mecanismo pelo qual uma entidade não física (a consciência) poderia interagir com uma entidade física (o cérebro). Entretanto, existem diversos fenômenos na ciência cujos mecanismos de funcionamento são desconhecidos, e nem por isso são invalidados. Por exemplo, o entrelaçamento quântico ocorre quando duas partículas interagem de tal forma que suas propriedades, como posição, velocidade ou orientação de spin, tornam-se ligadas. Mesmo quando separadas por grandes distâncias, a alteração de uma dessas propriedades em uma partícula causa uma alteração correspondente na outra, instantaneamente, como se estivessem comunicando-se entre si. Esse fenômeno é um dos princípios fundamentais da computação quântica. Apesar de podermos prever este comportamento com grande precisão, o mecanismo por trás do entrelaçamento quântico é desconhecido. Similarmente, o efeito placebo é amplamente reconhecido por sua capacidade de influenciar a saúde, produzindo alterações fisiológicas mensuráveis em ensaios clínicos duplo-cegos, como alterações na resposta inflamatória, regulação imunológica e aceleração na cicatrização de feridas. Os mecanismos biológicos exatos por trás dessas mudanças fisiológicas são desconhecidos. A ciência não nega a existência do entrelaçamento quântico e do efeito placebo apenas porque não entende seus mecanismos de funcionamento. Similarmente, seria ilógico rejeitar a possibilidade de uma consciência não-física apenas por não compreendermos seu mecanismo de interação com o cérebro.

Outra objeção comum dos fisicalistas é que a consciência não-física proposta pelos dualistas não pode ser diretamente detectada por instrumentos científicos. No entanto, há diversos exemplos de entidades "inobserváveis" cuja existência é aceita provisionalmente pela ciência até que mais dados estejam disponíveis. A matéria escura, por exemplo, ainda não foi diretamente observada, mas inferimos sua existência a partir dos efeitos gravitacionais que exerce. De uma maneira extremamente simplificada, imagine tentar mover uma pedra pequena e descobrir que se revela inesperadamente pesada, muito mais do que sua aparência sugere. Isso pode ser comparado à matéria escura no universo. Embora não possamos observar diretamente a matéria escura, observamos seu "peso" através dos seus efeitos gravitacionais - as estrelas e galáxias no universo se movem como se tivessem muito mais massa do que podemos observar. Embora a teoria da matéria escura adicione complexidade com a proposta de uma entidade inobservável, ela é amplamente aceita, de forma provisional, devido ao seu considerável poder explicativo, especialmente porque esclarece certas anomalias que a nossa compreensão atual da gravidade não consegue solucionar. 

De maneira similar à matéria escura, a consciência não-física proposta pelo dualismo, apesar de não ser diretamente observável por instrumentos científicos, pode ter sua existência inferida através da observação dos seus efeitos. Além disso, tal como ocorre com a matéria escura, o dualismo tem a capacidade de esclarecer certas anomalias no nosso entendimento atual (fisicalista) da consciência. Isso inclui qualia, autoconsciência e livre arbítrio, fenômenos que o fisicalismo tem dificuldades para explicar. Também inclui experiências de quase morte verificáveis, algo que o fisicalismo é totalmente incapaz de esclarecer.

Os fisicalistas também argumentam que as EQMs verificáveis, apresentadas como evidências a favor do dualismo, não podem ser reproduzidas em ambientes controlados, e por isso, seriam evidências fracas. De fato, séries de casos não são o tipo mais robusto de evidência científica. Contudo, é comum usar séries de casos em diversas áreas da ciência, ainda que de maneira provisória, até que evidências mais robustas apareçam. Além do mais, estamos falando de centenas de casos, reportados por dezenas de médicos em diferentes hospitais ao redor do mundo. Portanto, o dualismo fornece evidências que contestam o fisicalismo e não há fundamentos científicos, apenas ideológicos, para rejeitar essas evidências apenas por serem séries de casos. Por outro lado, as evidências sugeridas pelos fisicalistas para desafiar o dualismo, como as correlações entre padrões de ativação cerebral e atividades conscientes, impactos de lesões cerebrais ou efeitos de substâncias psicoativas na consciência, são igualmente explicáveis pelo dualismo. Em conclusão, o dualismo apresenta como evidência fenômenos que a visão fisicalista não explica, desafiando-a. Em contraste, o fisicalismo não apresenta nenhum fenômeno que seja incompatível com o dualismo, ou seja, nenhuma evidência que o conteste de forma efetiva.

Nas últimas décadas, a ideia de que a consciência é produzida pela atividade cerebral se firmou e se tornou prevalente em nossa cultura. Frequentemente, ouvimos "especialistas" na mídia referindo-se a isso como se fosse um fato amplamente comprovado. A familiaridade com essa ideia pode nos impedir de perceber que atribuir toda a riqueza e complexidade da consciência humana unicamente a processos eletroquímicos no cérebro é, na verdade, uma proposição bastante audaciosa. Sem evidências robustas, essa afirmação beira o dogmatismo científico. E conforme examinamos no parágrafo anterior, até o momento os fisicalistas não apresentaram nenhuma evidência que não seja também compatível com o dualismo.

Alguns críticos do dualismo citam Descartes e sua hipótese antiquada de que a consciência (ou alma) interage com o cérebro através da glândula pineal. Os defensores contemporâneos do dualismo, evidentemente, não aderem a essa hipótese. Portanto, não faz sentido acusar o dualismo de ser obsoleto com base em hipóteses descartadas há tempos pela maioria dos dualistas.

A ciência tem alcançado avanços notáveis na compreensão do mundo físico e na melhoria de nossa qualidade de vida. No entanto, é possível cair na armadilha de superestimar o conhecimento científico atual e rejeitar precipitadamente conceitos que desafiam os paradigmas vigentes. Devemos lembrar dos equívocos históricos. Quando Louis Pasteur sugeriu que doenças eram causadas por organismos microscópicos – que hoje identificamos como vírus e bactérias - a comunidade científica inicialmente rejeitou e ridicularizou sua hipótese. Similarmente, a teoria da deriva continental, proposta por Alfred Wegener em 1912 e inicialmente ridicularizada, se estabeleceu como aceita meio século depois. A ciência está em constante evolução.

Para uma análise contemporânea e aprofundada sobre o dualismo, incluindo respostas para as principais objeções dos cientistas e filósofos fisicalistas, veja o Capítulo 10 do livro The Substance of Consciousness: A Comprehensive Defense of Contemporary Substance Dualism, de J.P. Moreland.

POR QUE A CIÊNCIA TENDE A IGNORAR O DUALISMO?

Considerando a importância da possibilidade de vida após a morte, por que as evidências a favor do dualismo, incluindo as EQMs verificáveis, não são mais pesquisadas? Por que há tão pouca discussão no meio científico? Acredito que alguns dos motivos sejam os seguintes.

Naturalismo Metodológico

Uma maneira simplista de descrever o trabalho da ciência é formular perguntas e encontrar possíveis respostas para elas. A maneira como essas perguntas são formuladas, como os experimentos são desenhados e como os dados são interpretados é influenciada pelos pressupostos adotados pelos pesquisadores. Pressupostos são ideias ou teorias aceitas como fundamentalmente verdadeiras antes mesmo do início da pesquisa. Um desses pressupostos, comumente presente na neurociência, é o "naturalismo metodológico", que considera apenas explicações naturais (físicas) como válidas na pesquisa científica. Desse modo, qualquer evidência que possa indicar a existência de uma consciência não-física, conforme proposta pelos dualistas, é automaticamente descartada como "incompatível" ou "irrelevante". Isso resulta em um viés confirmatório a favor do fisicalismo. 

A seguinte afirmação de Richard Lewontin, um proeminente  geneticista evolucionista de Harvard, ilustra de maneira exemplar a visão do fisicalismo e do naturalismo metodológico:

Nossa disposição de aceitar afirmações científicas que são contra o senso comum é a chave para uma compreensão da verdadeira luta entre a ciência e o sobrenatural. Nós tomamos o lado da ciência, apesar do evidente absurdo de algumas de suas construções, apesar de seu fracasso em cumprir muitas de suas extravagantes promessas de saúde e vida, apesar da tolerância da comunidade científica com histórias sem comprovação, porque temos um compromisso prévio, um compromisso com o materialismo [fisicalismo]. Não é que os métodos e instituições da ciência de alguma forma nos obriguem a aceitar uma explicação material do mundo dos fenômenos, mas, ao contrário, somos forçados, por nossa adesão a priori às causas materiais, a criar um aparato de investigação e um conjunto de conceitos que produzem explicações materiais, não importa quão contraintuitivas e mistificadoras sejam para os não-iniciados. Além disso, esse materialismo [fisicalismo] é absoluto, pois não podemos permitir um Pé Divino na porta.

A ironia é que, ao afirmar a supremacia da razão e se recusar a fazer uma análise crítica sobre os seus pressupostos, o naturalismo metodológico frequentemente mostra uma postura similar à dos fundamentalistas religiosos. Acredito que tal rigidez de pensamento contradiz características essenciais para o progresso científico, como curiosidade, objetividade, imparcialidade e receptividade a novas ideias.

Quero deixar algo bem claro: minha posição não é uma crítica ao método científico em si. Eu não sou contra a ciência, na verdade, é o oposto. Desde criança, tenho um enorme interesse e respeito pela ciência. Minha crítica é direcionada à relutância que a ciência tem em explorar hipóteses sobre fenômenos e entidades além do físico. É sobre a postura de alguns cientistas que não reconhecem a limitação dos métodos empíricos atuais na comprovação ou refutação da existência do imaterial. Seria mais honesto simplesmente admitir que "não sabemos", ao invés de negar categoricamente a existência de entidades não-físicas.

Ortodoxia Científica

Se a comunidade científica reconhecesse a existência de entidades não-físicas (como a consciência no sentido dualista) capazes de interagir com entidades físicas (como o cérebro), as implicações se estenderiam muito além da compreensão da consciência. As diversas áreas da ciência teriam que reavaliar seu entendimento do mundo natural, incorporando a possibilidade de influências de elementos não físicos, algo que a maioria dos cientistas vem negando veementemente há décadas. O trabalho da vida da grande parte dos cientistas vivos hoje foi construído com base na premissa fundamental de que o fisicalismo é a verdade indiscutível. 

Pseudociência e Esoterismo

Ao pesquisar sobre EQMs na internet, por exemplo, conteúdos pseudocientíficos e esotéricos costumam  ter mais destaque que as informações embasadas cientificamente. Da mesma forma, ao pesquisar sobre o dualismo, a maioria dos resultados enfatiza aspectos mais antiquados do dualismo cartesiano em vez de abordagens mais atuais. Para alguém que está pesquisando sobre o assunto pela primeira vez, isso pode gerar uma percepção errônea de que não existe pesquisa científica séria sobre EQMs, ou que o dualismo está obsoleto.

CONCLUSÃO

Este é um tema complexo, que tem sido debatido por séculos. Este texto foi uma tentativa de compartilhar a lógica que me levou a acreditar que nós, seres humanos, somos mais do que nossos cérebros e que a consciência pode continuar a operar, mesmo após a morte do corpo.

Por fim, o objetivo deste texto não foi filosofar sobre um tema abstrato e distante da nossa realidade cotidiana. Se você é adepto do fisicalismo, mas, em um canto remoto da sua mente, considera uma possibilidade, ainda que mínima, de persistência da consciência após a morte, seria prudente realizar sua própria pesquisa. Os livros recomendados ao longo deste texto podem ser um bom ponto de partida. E se, após essa investigação, você reconhecer a hipótese da continuidade da consciência como algo minimamente plausível, talvez seja válido investigar mais sobre o que esperar dessa existência futura e se a maneira como vivemos hoje pode influenciar o que nos espera além da vida.